Carreira em Produtos: como começar e se desenvolver
A verdade é que a Gestão de Produtos tem muito a nos ensinar sobre carreira.
A verdade é que a Gestão de Produtos tem muito a nos ensinar sobre carreira. Isso porque os métodos e técnicas usados para a entrega de produtos também podem ser aplicados para a vida profissional. Afinal, se eles servem para garantir o sucesso de plataformas digitais, por que não seriam úteis para a carreira, hein? Usando as mesmas estratégias de planejamento, você tem grandes chances de chegar aonde deseja – ou, até mesmo, descobrir aonde quer chegar. Então, se você está cansado dos velhos artifícios de Recursos Humanos, que tal conhecer uma nova forma de planejar seu futuro profissional?
Vem com a gente!
Glossário
Como planejar sua carreira usando Gestão de Produtos
Estude bem o cenário
Se você já viu uma empresa nascer, sabe bem que, antes de abrir as portas, é preciso muito entendimento do mercado. Do contrário, há sérios riscos de quebrar em menos de um ano, como acontece com 21% dos empreendimentos no Brasil.
O primeiro passo para colocar uma empresa ou um produto em funcionamento é mergulhar fundo nos estudos. É preciso entender todo o cenário, identificando, sobretudo, o oceano azul (espaço com oportunidades) e o oceano vermelho (muito populoso e com forte concorrência). Essa imersão no mercado é o que chamamos de Discovery.
Assim como as empresas precisam desse estágio, os profissionais devem fazer o mesmo com a carreira – ou seja, avaliar o mercado de trabalho com bastante cuidado para saber por onde seguir. Neste artigo, vou dar o meu exemplo, inclusive de como entrei na área de Produtos, para você entender na prática.
Em 2008, eu trabalhava com planejamento e posicionamento de empresas em redes sociais. Naquela época, vi o lançamento da AppStore da Apple no WWDC e depois como o mercado de aplicativos estava evoluindo e chegando ao Brasil. Foi então que eu conheci a FingerTips, primeira produtora de aplicativos para iPhone no país.
Dois anos depois, essa empresa anunciou uma vaga que me chamou bastante atenção. Então, me candidatei e fui contratado. Lá, só se usava Mac e eu nunca tinha visto um computador daqueles na minha frente. Aprendi a mexer enquanto estudava o mercado de aplicativos para saber o que poderia virar produto no Brasil.
Depois de quase dois anos na FingerTips, percebi que os clientes estavam começando a internalizar os times mobile. Então, decidi que era uma boa ideia sair da produtora e migrar para um cliente. Foi assim que entrei na Abril para liderar um time de desenvolvimento mobile que atendia a empresa toda.
Já na Abril, além de acompanhar a queda da empresa, enxerguei o ecossistema de startups nascendo no país. Observando esse movimento e a falta de especialistas em aplicativos, eu me tornei mentor de vários programas de aceleração de startups, entre eles, ACE (Aceleratech), Plug & Play e Startup Brasil.
Mais uma vez, analisando o mercado, as carreiras promissoras e as minhas habilidades, me tornei PM de uma startup investida pela Movile, dona do iFood, Sympla, Playkids e outras startups de sucesso. Entrei no TruckPad, hoje unicórnio, e estruturei a área de Produtos lá. Daí segui os mesmos passos até chegar aonde estou.
Viu só como faz diferença ter uma visão de mercado atualizada e se planejar constantemente? Uma das metodologias que você pode usar para mapear o seu perfil profissional é a Matriz SWOT. Ela permite analisar forças, fraquezas, ameaças e oportunidades relacionadas à sua carreira.
Na matriz SWOT, na intersecção entre pontos fracos e ameaças, você vai mapear os aspectos que precisarão ser desenvolvidos para sua sobrevivência. Já os pontos fortes x ameaças representam as suas qualidades que devem ser mantidas.
Por sua vez, pontos fracos x oportunidades darão clareza de quais conceitos, técnicas ou skills (hard ou soft) podem ser desenvolvidas para você aproveitar novas oportunidades. Por fim, a intersecção entre pontos fortes e oportunidade é onde estará o crescimento. Aproveitar pontos fortes para aproveitar oportunidades no mercado, aquele que você irá analisar com cuidado, será uma alavanca.
Pirâmide de visão estratégica de produto
Existem dois principais conceitos de Gestão de Produtos que podem ser usados para te ajudar a encontrar o propósito da sua carreira: a Golden Circle e a pirâmide de visão estratégica de produto, do Eric Ries, escritor de Lean Startup.
Ambas são bem parecidas e levam em conta fatores semelhantes. Aqui, eu vou usar a pirâmide como referência, mas você pode planejar a sua carreira com qualquer uma das duas, ok?
Visão
A visão é a base da pirâmide e raramente muda. Assim como ela é a razão de existir de uma empresa, também é a essência da sua carreira. E eu não falo aqui de dinheiro, mas, sim, de propósito. Ter clareza de onde você quer chegar é o que vai sustentar todos os seus esforços.
Portanto, para identificar a sua visão, você deve fazer uma profunda reflexão. Eu coloco aqui alguns questionamentos que podem ajudar na condução desse processo:
- Qual é o seu objetivo?
- O que te motiva a acordar todos os dias e trabalhar?
- Qual é o impacto que você quer deixar no mundo?
- Quais são as entregas e os comportamentos que você quer promover?
- Em que mercado você gosta de trabalhar? B2B, B2C ou plataforma?
- Tem preferência por algum segmento?
- Quais ambientes você valoriza para trabalhar?
- Quais são as tecnologias atuais e futuras que você se identifica?
Vou te mostrar a minha visão de carreira para te ajudar na inspiração, mas não é para usar como muleta para criar a sua, ok?
Estratégia
A estratégia, por sua vez, é o que você faz para garantir que a visão seja cumprida. Ela tem um ciclo de seis ou 12 meses. Durante esse tempo, caso algo fuja do esperado, a estratégia pode ser pivotada para que se chegue ao resultado, nunca se esquecendo daquela visão que é o seu propósito. Isso é, você pode mudar os caminhos que estavam definidos.
Para estabelecer a estratégia em relação à sua carreira, pense no que você precisa seguir para conquistar a sua visão. Aqui, também, algumas perguntas podem ajudar a traçar esse rumo:
- Quais são os conhecimentos técnicos desejados pelo mercado?
- Como minimizar as ameaças encontradas?
- De que forma explorar as oportunidades?
- Trabalhar em empresas tradicionais ou startups?
- Ir para lugares grandes ou pequenos?
Nessa etapa, vale olhar para a sua matriz SWOT e usá-la como parâmetro. Mais uma vez vou fazer referência a um caso pessoal como exemplo. Essa estratégia, de alguns anos atrás, era compatível com o momento da minha carreira e a minha SWOT da época. Hoje não é mais assim, mas, como é confidencial, não posso apresentá-la aqui, né?
Produto
O produto é aquilo que você entrega no final do dia. É como o mercado de trabalho te enxerga. Um curso, por exemplo, é um produto. Para definir as suas entregas, estruture o seu roadmap de desenvolvimento. Faça isso em ciclos trimestrais e com revisão do backlog. Você também pode definir OKRs individuais.
Lembre-se ainda de que o produto muda se a estratégia mudar. Por isso, a cada trimestre ou semestre, você pode separar momentos de pivotagem para reflexão da estratégia. E, aí, o que você faria se fosse eu com aquela visão e aquela definição de estratégia? Pense nisso para traçar o seu plano. Aqui já é o trabalho tático, assim como no dia a dia de PM.
Consegui minha vaga, e agora?
Um dos grandes erros cometidos pelos profissionais da área é relaxar após conseguir a tão sonhada vaga de emprego, sendo que o início do período de trabalho é crucial para validar a história que foi contada na entrevista.
Por isso, ao conquistar sua vaga, defina um plano de 90 dias com atividades que devem ser realizadas.
Evolução contínua
Tenha sempre em mente que a sua carreira precisa de evolução contínua. Você deve cuidar da sua vida profissional assim como a empresa cuida do produto. Então, nada de fazer a pirâmide uma vez e esquecê-la para sempre. É importante revisá-la periodicamente. Além disso, o seu desenvolvimento precisa ser constante. Para finalizar, quero compartilhar esse estudo que comprova como nós aprendemos e nos desenvolvemos:
Esse framework é fundamental para que você não se torne um “produto obsoleto”. E não é só o que fazer, mas como também. Veja que não adianta simplesmente estudar, uma vez que isso representa só 10% da sua evolução. Isso não significa, entretanto, que estudar não seja importante.
Estudar é a base, mas, sem aplicação na prática, os estudos se tornam irrelevantes. É como estudar um novo idioma. Se você não falar e praticar, esquece! Pense nisso tudo também ao montar o seu PDI na empresa em que trabalha. Peça, sugira, faça acontecer um plano de mentoria interno e 1:1 para que possam conversar sobre atuação e feedbacks. E enquanto estiver planejando seu PDI, pense naquele 70% da imagem.
Planeje novos desafios internos independentemente do seu cargo. Esses desafios no dia a dia são importantes para o seu desenvolvimento. Na prática, uma promoção não vem antes de você provar habilidades para o novo cargo. Pense nesses desafios como o seu passaporte para o crescimento.
Primeiro, seja aquele cargo que você quer. E assim ele virá. Também use esse framework para avaliar a empresa em que está. Avalie se ela te dá condições para essa evolução desejada. Se não, principalmente em fases de carreira iniciais, planeje sair da empresa para um lugar que permita o seu crescimento.
E avalie não só o lugar, mas também as pessoas com quem irá trabalhar. Ao seu lado e acima. Afinal, os 90% do framework estão nesses profissionais.
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